13 de abril de 2015

Roma, Cidade Aberta | Paisà



Os caprichos das distribuidoras que operam no diminuto mercado português deixam o Cinéfilo Preguiçoso fora de si. Um exemplo entre tantos: “Clouds of Sils Maria”, de Olivier Assayas, várias vezes anunciado e cujo rasto na lista de próximas estreias é agora impossível de encontrar. Constata-se com alívio que a carência de novidades é em parte compensada por algumas reposições. Na retrospectiva de Rossellini que o Nimas está a mostrar, podemos comparar entre si dois dos três filmes da chamada “trilogia da guerra”: “Roma, Cidade Aberta” (1945) e “Paisà” (1946), além da proximidade cronológica, partilham o cenário de uma Itália abalada pelos últimos estertores da Segunda Guerra Mundial e o estilo despojado que os guindou, com ou sem razão, ao estatuto de representantes do neo-realismo. Setenta anos depois, torna-se claro que “Paisà”, graças à agilidade da realização, ao equilíbrio notável entre os diferentes episódios, à quase total ausência de retórica e à capacidade de fazer coexistir acção e clarividência psicológica, envelheceu melhor. Porém, a força de “Roma, Cidade Aberta”, que tanto deve à interpretação extraordinária de Aldo Fabrizi, permanece intacta. Estes filmes voltarão a passar nos próximos dias 27 e 29 de Abril. Por essa altura, o IndieLisboa já estará aí, para alegria de todos.